O que diz Marta Schorn, psicóloga especializada em surdez, sobre o brincar e a linguagem

Por Carla Olavarria Rigamonti

Por que insistimos tanto na importância do brincar para o desenvolvimento infantil?

Marta Schorn reitera a importância do brincar e do falar como condições entrelaçadas e fundamentais para  desenvolvimento infantil.

Mas antes de falar sobre o brincar na criança surda, Schorn nos remonta a importância de SER brincado, de SER falado, antes de forma passiva, para que a forma ativa – a própria criança – possa fazer isso depois.

O ponto importante aqui, ilustrado por meio de casos e trechos clínicos, é o efeito do diagnóstico sobre um brincar e falar que inicialmente é espontâneo, mas que com a notícia da surdez ficam em risco – colocando assim em risco essas funções na própria criança.

O que acontece com uma criança que não é falada, não é brincada? De acordo com Marta, sua linguagem simbólica fica empobrecida, já que a comunicação tem como base primordial essa troca, essa sintonia precoce entre mãe e bebê.

Schorn aponta, ainda, que algo da ordem do espontâneo e do criativo ficam fragilizados, porque os pais ficam preocupados com a questão da linguagem, e ficam mais atentos às questões da surdez do que ao desenvolvimento natural da brincadeira.

A seguir Marta afirma que o implante coclear não vai fazer a criança renascer, e que todos: pais, crianças e profissionais, têm que se encontrar na arte do brincar. É partir da brincadeira que a criança vai começar a se interessar pela linguagem aos poucos, de forma espontânea para, no futuro, poder produzir ela mesma a palavra

Entre as perguntas finais, algo chamou mais a atenção. Quando perguntaram o que fazer quando os pais não conseguem brincar, Marta respondeu primeiro afirmando que para brincar é necessário os pais terem tempo e disse, a seguir, para perguntarmos para os pais sobre o que ELES brincavam quando crianças, no sentido da brincadeira com o filho poder ser uma revivência (ou uma construção?) da infância e do brincar dos pais.

E você, já sabe como os pais dos seus pacientes brincavam? <3

Carla O. Rigamonti, Marta Schorn e seus filhos, em Buenos Aires (2016)

 

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